domingo, 23 de novembro de 2014

FILHOS... Tesouros valiosos e, às vezes, tormentosos...

Não vou falar de aspectos intrínsecos ao grupo-carma que cada família compõe no seio da Vida. Não... Vou falar de aspectos bem práticos que, mais comumente do que possamos imaginar, ocorrem na maioria dos lares.

Recebemos missões árduas porém muito edificantes --- a educação de nossos filhos. Desde bem pequenos tocam-nos o rosto, doam-nos sorrisos, as primeiras palavras, o abraço apertado em torno do pescoço...

Crescem e, absorvendo o que a escola e o lar ensinam, vão passo a passo galgando a descoberta das belezas e das agruras da Vida.

É um belo quadro, uma linda síntese, verdadeira para vários deles.

No entanto, o Pai bem cuida de nos enviar, em todos os lares, um ou outro que traz a rebeldia da ilusória e indefensável ideia de que já sabem tudo o que precisam para viver como quiserem. Isso costuma acontecer na adolescência. Para quem tem vários filhos é curioso ver como alguns são tomados de assalto pelas dúvidas da Vida sem, no entanto, permitir que o veneno lhes adocique o impulso precoce de autonomia insustentável... Já outros... Sem nada terem de concreto nas mãos, simplesmente recusam-se a trilhar os caminhos ensinados. Seja como um sorriso e belas frases, seja com gritos e ofensas, uns ou outros, revoltados, simplesmente não aceitam que a Vida ainda não lhes é plenamente conhecida, atirando ao monturo, com uma sobrancelha soerguida em profunda repulsa, toda e qualquer orientação que os pais tentam --- até desesperadamente --- lhes transmitir.

A agitação da serpente que deveria impulsionar a busca saudável pela identidade individual torna-se um arrebatamento exótico de atitudes ciclotímicas, um misto de hipomania e depressão que, no linguajar atual e mais ameno do mundo Psiquiátrico, é visto como transtorno bipolar, aquilo mesmo que era, até alguns anos passados, chamado de neurose obsessivo-compulsiva.

O exotismo dessa embriaguez por autonomia antecipada traduz-se em posturas que podem transformar o adolescente numa tela de rascunhos de tatuagem, rombos na cartilagem das orelhas, orifícios na parte interna dos lábios, ou externa, no nariz... Cabelos raspados de um lado e muito longos de outro, sob coloridos horrendos que lembram uma aquarela manchada.

Houve um tempo em que as "tribos" (como então se dizia) podiam ser identificadas por um "estilo" mais ou menos comum. Hoje em dia estabeleceu-se um ecumenismo onipresente do exotismo pelo exotismo... 

Mas, o que mais preocupa... A sexualidade...

O mundo de hoje é um misto de defensores radicais de todas as formas de opção sexual a fundamentalistas extremos que desejam puramente eliminar tudo o que não esteja no gabarito heterossexual.

Apenas de olhar, num desses "points" noturnos (na chamada "night" --- até os termos são mais pobres) simplesmente não dá para saber quem é o que... O mais irônico é que ontem (22/11/2014) li uma notícia de que há uma vertente adotando um estilo "lenhador", com barbas longas e mal aparadas, boné, camisa xadrez e cara de "machão".

O que virá adiante?

Seja o que for, uma parte dos adolescentes do AQUI e AGORA mantêm-se longe de tudo isso, lutando o bom combate, estudando e se preparando para uma boa faculdade... Sacrificando horas e horas de finais de semana (além, é claro, da semana útil, geralmente durante a noite --- durante o dia fazem estágio e estudam nos cursos preparatórios) --- em prol de uma formação que lhes dê, aí sim, a tão sonhada autonomia e independência.

Vejo jovens, já na faculdade, passando o dia todo à base de lanchinhos, coxinhas, porque estagiam durante toda a tarde e estudam de manhã ou à noite.

Mas vejo também jovens que se masturbam incessantemente com o glamour de serem, um dia, quem sabe, descobertos --- sabe-se lá por quem --- para o delírio do Universo que, assim, terá a oportunidade de vislumbrar-lhes o folheado áurico de que se revestem seus retos.

Voltando um pouquinho ao Espiritualismo, diria que, bem, vá lá, façamos nossa parte e deixemos que o deslumbrado (alucinado) aprenda consigo mesmo do jeito mais árduo. E, ademais, se ele for mesmo o protagonista de uma dessas maluquices divinas, que seja descoberto e se torne um grande... grande... seja lá o que for...

De minha parte, prefiro ajudar com tudo o que eu puder os que, como eu e miríades de outros, preferiram LUTAR o bom combate.

Como disse Constantine, Ele age de modo estranho... Há os que gostam e há os que não gostam...